
Eles aparecem em geral à noite, aos milhares, na praça, no
campo de futebol e em outros locais abertos, e ficam rodeando os postes de luz.
Mas também surgem de dia e já chegaram a forçar o fechamento de uma unidade de
saúde no interior.
A "invasão" de grilos no interior de São Paulo
atingiu um shopping em São José dos Campos, uma praça em Araçatuba e, no sábado
(30), uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de São José do Rio Preto.
Segundo biólogos ouvidos pela Folha, a explicação para o
fenômeno é a seca prolongada e um desequilíbrio na cadeia alimentar. Os insetos
não representam risco.
A UPA de Rio Preto (438 km a noroeste de SP) foi interditada
durante quatro horas, entre 17h e 21h. Os insetos se aglomeraram nas paredes do
local, que precisou ser fechado para dedetização.
"Os pacientes graves foram transferidos para outras
unidades e os leves foram orientados a procurar outras unidades de pronto atendimento",
informou a prefeitura.
Segundo a administração, nesse intervalo foram mantidas
ambulâncias na porta da UPA, além de equipe médica para atendimento de
eventuais emergências.
Em Araçatuba (527 km a noroeste de SP), a praça Rui Barbosa
-que passou por revitalização recente- fica tomada por milhares de insetos,
principalmente à noite.
Os grilos saltam e voam sem parar em volta dos postes de
iluminação pública.
"Eu nunca tinha visto algo assim antes", disse o
biólogo Felipe Guimarães Cortez, ressaltando que a invasão deve acabar em
breve.
O estudante Vitor Moretti Niwa, 20, conta que precisou
fechar duas pequenas janelas de casa para evitar que os grilos entrassem.
"Mesmo assim, matei dois dentro de casa. Tenho tela em
todas as janelas, mas eles entraram pelas duas janelinhas que não têm. No outro
dia, vi vários grilos mortos no estacionamento", diz.
A Prefeitura de Araçatuba informou, em nota, que o Centro de
Controle de Zoonoses da cidade já foi avisado e trabalha com a secretaria
municipal de Meio Ambiente para solucionar o problema.
Em São José dos Campos (97 km a nordeste de SP), houve
relatos de infestação de grilos em um shopping. Eles ficaram nas paredes e não
causaram problemas.
De acordo com Eduardo Gonçalves Paterson Fox, entomologista
da Universidade de Lausanne, na Suíça, os grilos não costumam formar nuvens
como as registradas nessas cidades.
"O fenômeno resulta de um período prolongado de seca,
que favoreceu a reprodução. Esse aglomerado provavelmente partiu de um local
onde estava sem alimentação e foi parar na cidade", afirma.
Segundo Fox, são insetos muito limpos, que não oferecem
risco algum. "No máximo, fazem muito barulho. Podem comer algumas plantas
ou grãos, mas não é preciso tomar nenhuma medida."
Para o biólogo e ambientalista Juliano Salomão, além da
seca, a provável causa da invasão é um desequilíbrio na cadeia alimentar. Em
Araçatuba, a baixa arborização afasta os pássaros, que são o principal predador
do grilo.
De acordo com ele, as chuvas dos últimos dias também podem
ter expulsado os insetos das plantações.
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